Quem ganhou e quem perdeu em Santa Maria, com vitória de Leite e Souza

Claudemir Pereira

Quem ganhou e quem perdeu em Santa Maria, com vitória de Leite e Souza

Foto: Joel Vargas (Divulgação)

Passados seis dias do pleito já é possível fazer avaliação, do ponto de vista de Santa Maria. Sim, há vencedores e perdedores locais, como em qualquer ato político, e você tem a seguir a análise do colunista.

Ah, e mais que a eleição presidencial, aqui se opta pelo resultado estadual, muito mais próximo e que com certeza vai impactar logo adiante. Para iniciar, quem ganhou, juntamente com Eduardo Leite (PSDB) e Gabriel Souza (MDB0, eleitos governador e vice do Estado a partir de janeiro.

PSDB e Jorge Pozzobom. Com a inestimável e necessária (do contrário, perderiam) ajuda da Esquerda, sobretudo dos petistas, os tucanos conseguiram feito inédito no Rio Grande: reelegeram o governador. Ora, isso é suficiente para considerar tucanos e seu líder maior na cidade, o prefeito, como depositários de vitória singular. O fato de não hostilizarem adversários locais também é grande mérito, que pode ter efeitos futuros.

MDB e Beto Fantinel. Com única fratura relevante, e derrotada, diferentemente de outros pagos, os emedebistas locais embarcaram meeeesmo no consórcio liderado pela dobradinha Leite/Souza. Destaque para Fantinel, que era visto no sábado anterior ao pleito sobre um carro de som, mandando ver nos últimos momentos da campanha. Cacifado para novos voos? Taaalvez.

PT, Paulo Pimenta e Valdeci Oliveira. A vitória nacional, com Lula, fala por si só. Mas as manifestações surgidas entre os militantes, e que levaram a direção a evoluir da posição de “não votar em Onyx” para a do “voto crítico em Leite”, ninguém tem dúvida, foram causa preponderante para a vitória de Eduardo Leite. E consolida o PT, individualmente, como maior partido no Rio Grande. Mérito para seus dirigentes e militantes, em especial os deputados, no caso santa-mariense.

No outro lado do espectro, há, claro, os perdedores. E quem são, na comuna?

PL, por razões óbvias. A derrota é real, mas relativizada em Santa Maria, por conta da aliança local e as boas relações com os tucanos daqui. Tanto que, afora compor a base de apoio na Câmara, com Manoel Badke, tem secretário municipal (Marco Mascarenhas) e punhado razoável de Cargos de Confiança.

Progressistas (PP). Após resultado pífio no primeiro turno, apostou as fichas em Onyx Lorenzoni no segundo. A derrota fica ainda maior porque os apoiadores dos deputados Covatti Filho e Silvana Covatti, que fecharam com Leite, se mantiveram no apoio ao PL. Até pelo tamanho do partido, são os mais machucados.

Republicanos. Como o PL, mantém aliança local até aqui intocada com o PSDB. O que garante CCs, em contrapartida ao apoio parlamentar, com dois vereadores. E torna a derrota menos dolorida, ainda que sentida.

Vereador Tubias Calil, do MDB. Diferente dos outros dois edis da sigla, Adelar Vargas e Rudys Rodrigues, que apoiaram a candidatura partidária, embarcou, com o ex-prefeito Cezar Schirmer, a quem é politicamente ligado, na nau bolsonarista aqui e em Brasília. Tombou em ambas e agora amarga o isolamento na sigla em Santa Maria.

Essa dúvida ninguém tem: Pimenta é o nome do governo Lula na cidade

Foto: Divulgação

Ainda na véspera do primeiro turno, no centro da cidade, petista Paulo Pimenta afirmava ao colunista: é sua última eleição para deputado federal. Ele não confirma, inclusive porque seria prematuro, mas pretende mesmo é concorrer a uma das duas vagas ao Senado, pelo Rio Grande, em disputa dentro de quatro anos.

Se sobre essa questão eleitoral é possível tergiversar e até negacear, há algo porém indiscutível, findo o episódio de 30 de outubro, com a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva, do PT, no pleito presidencial. Sim, Pimenta é o nome forte do novo governo em Santa Maria.

Mais até: pela proximidade com o Presidente, tendo sido um dos mais fieis e solidários militantes ao tempo em que Lula estava preso em Curitiba, o parlamentar é justificadamente colocado como possível integrante do primeiro escalão. Ou, no mínimo, fiador de algumas escolhas que poderão beneficiar diretamente a cidade e o Estado.

Ministro? Impossível não é, mas dependerá de uma série de articulações, na medida em que se sabe que o governo será menos petista que os anteriores, dadas as óbvias composições com siglas e grupos que apoiaram Lula no segundo turno.

De todo modo, há algo que ninguém duvida: será no gabinete de Paulo Pimenta que Santa Maria, por suas autoridades e lideranças, vai bater nos próximos quatro anos. Seja no Congresso ou no Executivo.

Sevi Viero não era do PTB. E a perícia da nova sede da Câmara

Foto: Renan Mattos (Arquivo/Diário)

SEVI VIERO – É verdade que o PTB (hoje falecido) dominou a política santa-mariense nos anos 50, elegendo todos os prefeitos daquele período. Mas não é correto, como a coluna afirmou semana passada, que Miguel Sevi Viero fosse do PTB. Era do PSD, partido pelo qual chefiou o executivo santa-mariense entre 31/1/1960 e 30/1/1964. A informação errada passaria barata não fosse a acuidade de um leitor, que flagrou o equívoco. Gracias, Antonio Candido de Azambuja Ribeiro, o Candinho.

DEVAGAR – Há otimismo no comando da Câmara de Vereadores, por conta de decisão judicial que garante a perícia na obra da nova sede do parlamento, o esqueleto (foto) ao lado do Palacete da Vale Machado. Mesmo que o trabalho dê resultado positivo, no entanto, ainda há longo caminho a percorrer, inclusive garantir os recursos para a conclusão. E isso para começar.

Luneta

INFIDELIDADE

Recolocação eleitoral, reposicionamento ideológico, animosidade (e insatisfação) interna. Eis aí três razões bastante claras, e já visíveis na Câmara de Vereadores de Santa Maria, para troca de partido visando ao pleito de 2024. Como a janela da traição se abre (e permite a pulada de mesa política sem risco de perder o mandato) somente em março do próximo ano, até lá haja paciência e resiliência.

72 CERVEJAS

A confiança era tamanha que um vereador local não resistiu e apostou na vitória de Jair Bolsonaro para o Planalto com dois colegas de parlamento. Apoiador igualmente do candidato ao Piratini Onyx Lorenzoni, também jogou nele (contra Leite) com assessor de um parlamentar de esquerda. Resultado: terá de pagar 72 cervejas. Apenas não se sabe, ainda, quem levará a carne para o churrasco da vitória.

BALAIO

Foto: Pedro Piegas (Arquivo/Diário)

Já há algumas situações dadas para 2024. Uma é que o atual prefeito, Jorge Pozzobom (foto), deixa o cargo, pois não pode concorrer à reeleição. A outra é que, noves fora os mais conhecidos, e alguns até lançados a contragosto, haverá um balaio bem fornido de pré-candidatos se assanhando na lida. Boa parte deles ficará pelo caminho, mas tendem a fazer bastante barulho, até darem com os burros n’água.

ADESÕES

Perguntado, edil que faz parte do acordo que controla a direção da Câmara disse que “está tudo quieto”. Mas antecipou: não é improvável um aumento do grupo, pois pelo menos dois vereadores hoje fora dele estariam se aproximando. E de partidos diferentes. Ressalvadas as surpresas sempre possíveis nesse episódio, como mostra a história, não é de se duvidar que isso possa acontecer, A conferir.

PARA FECHAR!

É a primeira edição em dois dias da Romaria da Medianeira, que chega agora à 79ª. Afora devotos convictos e católicos em geral, o evento também é palco para políticos com e sem mandato. A curiosidade de hoje é saber como será a afluência desse tipo específico de romeiro, na medida em que a eleição já se deu e a próxima só em 2024. Se bem que sempre há os que vão agradecer. E os que pedirão adiantado.

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